As ações da Petrobras operam com volatilidade nesta segunda-feira (20) na bolsa de valores brasileiras. A negociação dos ativos chegou a ser suspensa na B3, no mesmo dia em que o presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, renunciou ao cargo.
Por volta das 12h00, o papel ordinário (PETR3) subia 0,84%, cotado a R$ 30,18. Já a ação preferencial da estatal (PETR4) avançava 0,95%, a R$ 27,57. Os ativos chegaram a recuar mais de 2% após a divulgação da saída de Coelho, mas se recuperaram com a indicação de Fernando Borges para a presidência interina.
A B3 informou à CNN que chegou a suspender as negociações das duas ações duas vezes, a primeira por volta das 9h57 devido à divulgação do fato relevante que informou sobre a renúncia de Coelho. Elas foram retomadas por volta das 10h50 e suspensas novamente às 11h06, após o anúncio do novo presidente interino, sendo retomadas por volta das 11h30.
As ações da Petrobras entraram em uma tendência de queda após a empresa anunciar um novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel. Na sexta-feira (17), o papel ordinário caiu 7,25%, a R$ 32,27, e o preferencial recuou 6,09%, a R$ 29,08.
Os investidores temem que o governo federal intervenha para mudar a política de preços, com a paridade internacional, e tente impedir novos aumentos. Além disso, o cenário internacional desfavorável piorou o movimento.
Flavio Conde, analista de ações da Levante Investimentos, afirma que a renúncia pode intensificar a queda das ações da estatal, mas o movimento já ocorreria nesta sessão devido aos temores do mercado com a possibilidade da criação de uma CPI para investigar os reajustes e as críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira, à política de preços, defendendo que ela seja alterada.
“A renúncia é sintomática, e indica que agora só vai entrar alguém que defenda um congelamento de preços enquanto o governo revê a fórmula do sistema de paridade”, avalia Conde.
O nome de Borges, porém, foi bem recebido pelo mercado por representar um perfil técnico, com histórico de atuação na empresa e conhecimento sobre o setor.
Felipe Ruppenthal e Rodrigo Diniz, da Eleven Research, consideram que a renúncia “acontece em um cenário de forte pressão do governo sobre a estatal, que se acentuou após o anúncio de reajuste de preços da gasolina e do diesel”.
“Acreditamos que isso possa acelerar a troca do Conselho de Administração que está em processo e que ruídos de interferência governamental na estatal continuem prejudicando a performance da ação, juntamente com um cenário de muita incerteza sobre o grau de arrefecimento das principais economias mundiais, que está ocasionando a queda do preço do petróleo”.
Créditos: CNN.