Na manhã desta segunda-feira (7/7), o cenário político russo registrou um episódio marcante com repercussões nacionais e internacionais: o ex-ministro dos Transportes da Rússia, Roman Starovoit, foi encontrado sem vida horas após sua exoneração. Roman Starovoit havia sido demitido do cargo por decreto do presidente russo, Vladimir Putin, e a imprensa oficial destacou a nomeação de Andrey Nikitin como responsável interino pela pasta dos Transportes.
A informação do falecimento foi confirmada pelo Comitê Investigativo Russo, que comunicou a descoberta do corpo de Starovoit em um veículo, no subúrbio de Odintsovo, próximo a Moscou. De acordo com a nota, Starovoit apresentava um ferimento de bala, e a principal hipótese trabalhada pelas autoridades é a de suicídio, embora as circunstâncias ainda estejam sob investigação. Até o momento, representantes do governo evitaram apresentar justificativas detalhadas sobre a motivação da demissão.
Quem foi o ministro Roman Starovoit?

Roman Vladimirovich Starovoit nasceu em 1972 e consolidou sua trajetória política ao atuar em diferentes frentes administrativas do governo russo. Antes de assumir o Ministério dos Transportes em 2024, Starovoit já havia ocupado o cargo de governador da região de Kursk, no sul do país. No comando regional, foi responsável por medidas relacionadas à segurança e infraestrutura, destacando-se em meio a tensões resultantes da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Durante o período em que governou Kursk, Starovoit teve seu nome vinculado a debates envolvendo falhas na proteção da região, especialmente diante dos riscos e danos gerados pelos conflitos militares. Sua recente passagem pelo ministério, entretanto, foi abruptamente interrompida pela decisão presidencial, criando especulações sobre suas conexões e eventuais fatores que levaram à sua destituição.
Papel no Governo Russo
- Ministro dos Transportes (maio de 2024 – julho de 2025): Sua última posição no governo, da qual foi demitido abruptamente pelo presidente Vladimir Putin.
- Governador do Oblast de Kursk (2019 – 2024): Antes de se tornar ministro, Starovoit atuou como governador da região de Kursk, que faz fronteira com a Ucrânia. Durante sua gestão, supervisionou a construção de fortificações defensivas.
- Vice-ministro dos Transportes (2018): Teve uma breve passagem como vice-ministro antes de assumir o governo de Kursk.
- Chefe da Agência Rodoviária Federal (Rosavtodor) (2012 – 2018): Liderou a agência responsável pela infraestrutura rodoviária da Rússia.
- Outras posições: Ao longo de sua carreira, também ocupou cargos em comitês de investimentos e projetos estratégicos no governo de São Petersburgo e no Departamento de Indústria e Infraestrutura do Gabinete do Governo da Federação Russa.
Quais impactos a crise nos transportes provocou na Rússia?
No mesmo final de semana em que ocorreu a demissão de Starovoit, a Rússia vivenciou uma crise sem precedentes no sistema de transporte aéreo. De acordo com o órgão de aviação do país, mais de 485 voos foram cancelados, 88 aeronaves tiveram de ser desviadas e cerca de 1.900 apresentaram atrasos significativos. O motivo apontado oficialmente foi “interferência externa”, termo frequentemente utilizado para descrever ações potencialmente relacionadas a ataques cibernéticos ou militares.
- Cancelamentos em massa: Companhias aéreas e aeroportos relataram dificuldades operacionais graves, afetando milhares de passageiros em diferentes regiões.
- Desvios e atrasos: O impacto logístico provocou efeitos em cadeia na malha de transportes, prejudicando o cronograma e a conexão entre cidades russas e internacionais.
- Riscos de segurança: Interferências frequentes reacenderam o debate sobre a vulnerabilidade da infraestrutura e sobre os procedimentos de proteção nos terminais do país.
Com a instabilidade dos voos, o Ministério da Defesa da Rússia informou que ações coordenadas resultaram na interceptação de mais de 400 ataques ucranianos por meio de drones e mísseis durante o período. Por outro lado, autoridades ucranianas alegaram que fábricas de munição e dispositivos militares nos arredores de Moscou foram atingidas, ampliando o clima de tensão nos níveis militar e civil.
Quais as polêmicas envolvendo essas demissões?
A substituição repentina de membros-chave do governo, como ministros, revela possíveis disputas internas e pode indicar dificuldades estruturais ou crises não expostas ao público. No caso de Roman Starovoit, a escassez de explicações oficiais alimentou questionamentos quanto à real motivação da exoneração, levantando hipóteses sobre conflitos de interesses, falhas na gestão ou discordâncias estratégicas nas esferas de poder.
- Demissões inesperadas tendem a provocar sensação de instabilidade, especialmente quando ocorrem em meio a episódios críticos, como falhas em áreas essenciais para o funcionamento do Estado.
- A sucessão acelerada de cargos estratégicos dificulta o planejamento e a continuidade de políticas públicas, desafiando a capacidade de resposta do governo diante de situações emergenciais.
- A repercussão de casos como o de Starovoit frequentemente extrapola fronteiras, gerando impactos na percepção internacional sobre a governabilidade e previsibilidade do país.
No contexto atual, a tragédia envolvendo o ex-ministro dos Transportes ocupa espaço entre as notícias de destaque não só pela dramaticidade dos eventos, mas também pelo efeito dominó que provoca na máquina estatal. A exoneração e o falecimento subsequente ilustram questões mais amplas sobre o funcionamento dos bastidores políticos russos e a instabilidade vivida por líderes em tempos de conflito.
A sucessiva onda de crises, tanto administrativas quanto operacionais, reforça o desafio enfrentado pela Rússia em manter a coesão em suas instituições num período marcado pela pressão militar, sanções econômicas e vigilância internacional. O desfecho da morte de Roman Starovoit, somado ao impacto nos transportes, revela a complexa rede de fatores que influencia as decisões e os rumos do poder no país em 2025.